terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Hortenses e hortênsias na literatura




João Garcia abancava a seu lado como se se sentasse num calhau de Porto Pim ou num muro de hortenses, na estrada da Caldeira. (p. 94)

Não tinham passado de meio caminho da Caldeira, e Margarida juntava as palavras do tio na volta, o gosto de tornar a ver as hortênsias ainda sem flor e já cheias de seiva. (p. 110)

Era raro que Januário não viesse dormir aos Fetos; mas chegava tarde para o jantar, apeava-se da vitória cm cestos de pêras no eixo e molhos de hortenses cuidadosamente apartadas: as azuis num cabaz, outras cobrindo a água dos alguidares de uma floração de sangue seco. (p. 131).

Tinham deixado os carros num alto e descido à orla do lago que lavava as moitas de urze queimada e os tufos de hortenses em botão. (p. 140)

(…) mas a estrada da Caldeira perseguia-a (…) com o passeio, as hortenses, a sua vida e o seu sangue daqueles meses de peste e de surpresas… (p. 141)

Uma viagem para horas, por aqueles caminhos de relheiras que atravessam a ilha entre duas fiadas de hortenses. (p. 241)

Os pastos estendiam-se escuros e cheios de água entre as sebes de hortenses verde-negras, e apesar de lhe faltar aquele azul de sonho que parecia durante a floração os milhões de pingos de um grande vinhedo sulfatado, tão familiar a Margarida, das bordas da estrada da Caldeira, os rasgões do céu esbranquiçado imitavam grandes inflorescências desfocadas e puras. (p. 294)



NEMÉSIO, Vitorino, Mau tempo no canal, Lousã, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1994.

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