segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Vou chorar para sempre, tia

O choro terá surgido antes da linguagem falada, como expressão mímica para comunicar a dor. é uma espécie de instinto, de sexto sentido, que a racionalidade teve de assumir, já que o não conseguiu vencer nem menos controlar. Tal como o riso, o choro é um exclusivo do ser humano. Por isso, chorar é natural, é saudável, faz bem, libertar de frustrações e de stress, traz consigo uma sensação de alívio e de calma. Choramos comovidamente em momentos de despedida, de pequenas vitórias, de grandes derrotas, de tristeza, de saúde, de alegria, de emoção estética. Choramos de raiva, de medo, de solidão, por solidariedade, por empatia, por amor e como estratégia de chamada de atenção. Choramos em segredo quando e preciso ser forte, e efusivamente quando a razão desce ao coração. Por isso, chorar não há de ter a interpretação de um sinal de fraqueza, porque não são os acontecimentos que provocam o choro, mas a forma como se sentem - e é tremendamente difícil controlar os sentimentos. 

SILVA, Manuel Maria Madureira da, Questões fracturantes , Évora, edição de autor, 2016, pp. 25/26

Volto-me para a morte

...Volto-me para a morte e chamo como só Deus se chama
A morte é um vizinho que se ama

Não és ainda tu
Nunca nenhum de nós
É que não há ninguém
Deus é distante como o vento ou a vida
e no cúmulo da sede nenhuma fonte nasce
Naqueles que morreram confiávamos
mas não mais se erguerão no dia a dia desta terra.

BELO, Ruy, Na Margem da alegria - poemas escolhidos por Manuel Gusmão,  Assírio e Alvim, 2011, p. 50.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Quando o pato sai do lago


                                                             Jardim Público de Évora

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Santuário do cabo Espichel






O Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel, situado no ponto mais ocidental da costa de Sesimbra, é um conjunto arquitetónico civil e religioso único, que alia a monumentalidade do edificado à imaterialidade da devoção religiosa. É composto pela igreja, hospedarias, Ermida da Memória, Casa de Ópera, em ruína, Hortas dos Peregrinos Casa da Água e aqueduto. O enquadramento paisagístico deste monumento, num planalto que termina em escarpas para o mar, torna-o monumental. 

Fonte:  https://www.visitsesimbra.pt/to-visit/62/santu-rio-do-cabo-espichel

sábado, 14 de novembro de 2020

Porque é que há guerras??

as guerras são quase sempre motivadas pela cobiça desmedida de um grupo muito pequeno de homens, os quais sacrificam os restantes à sua ambição e ao objectivo de subjugar povos e países que consideram inferiores; que os impérios são edificados sobre um número incontável de cadáveres, sem que se perceba muito bem para que serve um império;

MARMELO, Manuel Jorge, A Guerra nunca acaba, Lisboa, Glaciar, 2014, p.30.

Praia deserta



Só no Inverno ;)
Praia do Amado - PORTIMÃO

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Nossa Senhora de Lima

Rosa de Lima (Lima, 20 de abril de 1586 - Lima, 24 de agosto de 1617), foi uma mística da Ordem Terceira Dominicana canonizada pelo Papa Clemente X em 1671. Santa Rosa é a primeira santa nativa da América e padroeira do Peru.

                                    


Por cultivar as rosas de seu próprio jardim, é tida como patrona das floristas. Era muito inteligente e precoce: diz-se que tangia graciosa a viola e a harpa e tinha voz doce e melodiosa. Conta-se que, ainda criança, aprendeu a ler e escrever praticamente sozinha (segundo a lenda, ensinada pelo próprio Menino Jesus, por quem nutria uma devoção incomum), apesar dos historiadores atribuírem tal fato aos ensinamentos de sua irmã mais velha, Bernardina e sua avó materna, Isabel Herrera, que também vivia na mesma casa. Também se conta que, com apenas 5 anos, já fazia orações profundas, inclusive tendo manifestado o desejo de realizar um voto de castidade. Muitos dos fatos que originaram as lendas que se contam a respeito de Santa Rosa de Lima se misturam à realidade por terem sido testemunhados por seus parentes e amigos mais íntimos, e relatados às autoridades eclesiásticas durante o seu processo de beatificação, aberto pela Igreja após a sua morte em 1617.

Além de muito bela, Rosa era tida como a moça mais virtuosa e prendada de Lima. Talvez por este motivo, foi pretendida pelos jovens mais ricos e distintos de Lima e arredores, mas a todos rejeitou, por amar a Cristo como esposo. Isso lhe foi motivo de grandes tristezas, uma vez que seus pais viam no seu casamento uma oportunidade de saírem da situação de pobreza em que sempre viveram. Muitas vezes foi castigada pela mãe, Maria Oliva, que queria forçá-la a se casar e não cessava de expô-la à sociedade local, por ser muito atraente. Mas no fim, através de muita oração e com a ajuda de seus confessores, recebeu dos pais a permissão para usar o hábito terceiro franciscano (que nunca deixou de usar, mesmo quando se tornou terciária dominicana). Em idade de casar, fez o voto de castidade e tomou o hábito da Ordem Terceira Dominicana, após lutar contra o desejo contrário dos pais. Construiu uma cela estreita e pobre no fundo do quintal da casa dos pais e começou a ter vida religiosa, penitenciando seu corpo com jejuns e cilícios dolorosos e conta-se que utilizava muitas vezes um aro de prata guarnecido com fincos, semelhante a uma coroa de espinhos. Foi extremamente bondosa e caridosa para com todos, especialmente para com os índios e para com os escravos negros, aos quais prestava os serviços mais humildes em caso de doença. Foi uma preciosa amiga e colaboradora de S. Martinho de Porres, igualmente dominicano.

Segundo os relatos de seus biógrafos e dos amigos que a acompanharam, dentre eles seu confessor Frei Juan de Lorenzana, por sua piedade e devoção Santa Rosa recebeu de Deus o dom dos milagres. Ela era constantemente visitada pela Virgem Maria e pelo Menino Jesus, que quis repousar certa vez entre seus braços e a coroou com uma grinalda de rosas, que se tornou seu símbolo. Também é afirmado que tinha constantemente junto a si seu Anjo da Guarda, com quem conversava. Ainda em vida lhe foram atribuídos muitos favores; milagres de curas, conversões, propiciação das chuvas e até mesmo o impedimento da invasão de Lima pelos piratas holandeses em 1615.

Apesar de agraciada com experiências místicas fora do comum, nunca lhe faltou a cruz, a fim de que compartilhasse dos sofrimentos do Divino Mestre: sofrimentos provindos de duras incompreensões e perseguições e, nos últimos anos de vida, de sofrimentos físicos, agudas dores devidas à prolongada doença que a levou à morte em 24 de agosto de 1617, aos 31 anos de idade. Suas últimas palavras foram " Jesus está comigo!" Seu sepultamento foi apoteótico e pranteado por todo o Vice Reino do Peru e seu túmulo tornou-se palco de milagres, bem como também os lugares onde viveu e trabalhou pela causa da Igreja. Foi a primeira santa canonizada da América e proclamada padroeira da América Latina. Conta-se que o Papa Clemente relutava em elevá-la aos altares, mas foi convencido após presenciar uma milagrosa chuva de pétalas de rosa que caiu sobre ele, vinda do céu e que atribuiu a Santa Rosa de Lima.

Esta imagem que fotografei pertence à família do historiador Túlio Espanca, que a resgatou de um convento eborense extinto e conheci-a numa exposição temporária da Biblioteca Pública de Évora este Verão.

Fonte: Wikipédia

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O bom nome


O bom nome é um tesouro
Como não há outro igual:
Quanta prata e quanto ouro
Ser-se estimado não vale!


DEUS, João de, Provérbios de Salomão , Poesia, Lisboa, Editorial Presença, 1998, p. 26.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Mar de Peniche

 Mar de Peniche

onde os peixes se atiram

contra os barcos

e as grutas dos rochedos

nada acoitam.

 

CARVALHO, Armando Silva, O País das minhas vísceras, Língua morta, 2021, p. 120.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Cemitério


… esse campo de sombras onde cresciam roseiras
E ciprestes, coberto por campas brancas como folhas de papel

JÚDICE, Nuno, Crónica de naufrágio, Navegação de acaso, Lisboa, D. Quixote, 2013, p. 14


Um cemitério, um poço de sonhos enterrados


Hortense
Cemitério dos Remédios, Évora
Gosto de visitar cemitérios vazios.
É uma ilusão comum, pois é sabido que um cemitério (à excepção do de Odorico) não é um lugar vazio. Pelo contrário: está cheio de gente que já viveu. Na realidade, um cemitério é um poço de sonhos literalmente enterrados. 

ONDJAKI, Sonhos azuis pelas esquinas, Editorial Caminho, Alfragide, 2.ª edição, 2014, p.59.