Fonte: http://www.igogo.pt/ermida-de-sao-sebastiao-12/
quinta-feira, 27 de julho de 2017
Ermida de S. Sebastião
Fonte: http://www.igogo.pt/ermida-de-sao-sebastiao-12/
A insignificância
Há já muito tempo, D' Ardelo, que queria falar-lhe de uma coisa. Do valor da insignificância. Na altura, pensava sobretudo nas suas relações com as mulheres. Queria então falar-lhe de Quaquelique. Um grande amigo meu. Não o conhece. Eu sei. Adiante. Actualmente, a insignificância surge-me de um modo completamente diverso do que então, sob uma luz mais forte, mais reveladora. A insignificância, meu amigo, é a essência da existência. Está connosco sempre e em toda a parte. Está presente mesmo onde ninguém a quer ver: nos horrores, nas lutas sangrentas, nas piores infelicidades. Exige-se-nos muitas vezes coragem para a reconhecer em condições tão dramáticas e para a chamar pelo seu nome. Mas não se trata apenas de a reconhecer, é preciso amá-la, à insignificância, é preciso aprender a amá-la. (...) Respire, D'Ardelo, meu amigo, respire esta insignificância que nos rodeia, ela é a chave da sabedoria, ela é a chave do bom humor...
KUNDERA, Milan, A festa da insignificância, Alfragide, D. Quixote, 3.ª edição, 2014, pp.148-149.
A insignificância
Há já muito tempo, D' Ardelo, que queria falar-lhe de uma coisa. Do valor da insignificância. Na altura, pensava sobretudo nas suas relações com as mulheres. Queria então falar-lhe de Quaquelique. Um grande amigo meu. Não o conhece. Eu sei. Adiante. Actualmente, a insignificância surge-me de um modo completamente diverso do que então, sob uma luz mais forte, mais reveladora. A insignificância, meu amigo, é a essência da existência. Está connosco sempre e em toda a parte. Está presente mesmo onde ninguém a quer ver: nos horrores, nas lutas sangrentas, nas piores infelicidades. Exige-se-nos muitas vezes coragem para a reconhecer em condições tão dramáticas e para a chamar pelo seu nome. Mas não se trata apenas de a reconhecer, é preciso amá-la, à insignificância, é preciso aprender a amá-la. (...) Respire, D'Ardelo, meu amigo, respire esta insignificância que nos rodeia, ela é a chave da sabedoria, ela é a chave do bom humor...
KUNDERA, Milan, A festa da insignificância, Alfragide, D. Quixote, 3.ª edição, 2014, pp.148-149.
quarta-feira, 26 de julho de 2017
terça-feira, 25 de julho de 2017
segunda-feira, 24 de julho de 2017
Exposição de Minerais
Em 2014, quando visitei o Museu Geológico de Lisboa, apreciei esta exposição temporária de minerais, onde o brilho destas peças, mesmo em bruto, me deixaram encantada!
domingo, 23 de julho de 2017
Alentejo
A percorrer o Alentejo, nem me fatigo, nem cabeceio de sono, nem me torno
hipocondríaco. Cruzo a região de lés a lés, num deslumbramento de revelação.
TORGA, Miguel, Portugal, Alfragide, 10.ª edição, Leya, 2015, p. 84.
quinta-feira, 20 de julho de 2017
quarta-feira, 19 de julho de 2017
Cada mundo tem um centro
Todos temos um lugar onde a vida se acerta. Cada mundo tem um centro. O meu lugar não é melhor do que o teu, não é mais importante. Os nossos lugares não podem ser comparados porque são demasiados íntimos. Onde existem, só nós os podemos ver. Há muitas camadas de invisível sobre as formas que todos distinguem. Não vale a pena explicarmos o nosso lugar, ninguém vai entendê-lo. As palavras não aguentam o peso dessa verdade, terra fértil que vem do passado mais remoto, nascente que se estende até ao futuro sem morte.
PEIXOTO, José Luís, Galveias, Lisboa, Quetzal, 2014, p. 202.
O que é um sonhador?
O sonhador não é superior ao homem activo porque o sonho seja superior à realidade. A superioridade do sonhador consiste em que sonhar é muito mais prático que viver, e em que o sonhador extrai da vida um prazer muito mais vasto e muito mais variado do que o homem de acção. Em melhores e mais directas palavras, o sonhador é que é o homem de acção.
PESSOA, Fernando, Palavras do Livro do Desassossego, Vila Nova de Famalicão, Edição Libório Manuel Silva, 2013, p. 19.
domingo, 16 de julho de 2017
Como é a alma da gente?
A alma da gente, como sabes, é uma casa assim disposta, não raro com janelas
para todos os lados, muita luz e ar puro. Também as há fechadas e escuras, sem
janelas ou com poucas e gradeadas, à semelhança de conventos e prisões.
ASSIS, Machado de, Dom Casmurro, Lisboa, Universitária Editora, 1977, p. 97.
sábado, 15 de julho de 2017
Qual é a minha idade?
Quando se é criança, cuja infância tempestuosa e turbulenta nos torna os dias longos e difíceis, ficamos com a sensação de que passa muito tempo sobre nós (...) Há momentos em que chego a duvidar da minha própria idade, achando mesmo possível ter calculado mal os anos que já vivi.
RUIVO, Alice, Passei, parei, deixei-te um beijo, Porto, Seda Editora, 2014, p. 76.
sexta-feira, 14 de julho de 2017
Castelos
Castelo de Monsaraz |
Quem viaja pelos caminhos do Alentejo e se dá ao prazer de admirar os inúmeros castelos e fortalezas que nesta planura se acham, não deixa de mostrar contentamento pela mensagem vetusta daquelas pedras seculares.
Esses pedaços do passado afirma-nos o espírito de independência dos antigos e a sua permanente vigília em defesa da terra que os portugueses chamam sua.
PIÇARRA, Manuel Madeira, Sala 1 2.º Direito - o tempo e a memória, Évora, Edições Diário do Sul, 1991, p. 166.
quinta-feira, 13 de julho de 2017
Alentejo de Miguel Torga
Compreender não é procurar no que nos é estranho a nossa projecção ou a
projecção dos nossos desejos. É explicar o que se nos opõe, valorizar o que
até aí não tinha valor dentro de nós. O diverso, o inesperado, o antagónico é que
são a pedra de toque dum acto de entendimento. Ora o Alentejo é esse diverso,
esse inesperado, esse antagónico. Tudo nele é novo e bizarro para quem o
visita. Os arcos, as silharias, as abóbodas e os coruchéus das suas casas; a
açorda de coentro e o gaspacho de alho e vinagre das suas refeições. ... o
que tem interesse é precisamente revelar aos olhos, ao paladar e aos ouvidos a
novidade dessas descobertas. Mostra-lhe a originalidade de uma vida que se
passa ao nosso lado e tem o inesperado de uma aventura.
TORGA, Miguel, Portugal, Alfragide, 10.ª edição, Leya, 2015, pp. 87-88.
quarta-feira, 12 de julho de 2017
Busto do Dr. Barahona
Dr.
Francisco Eduardo de Barahona Fragoso (1843-1905), opulento lavrador
alentejano, homem de arte e da cultura e grande benemérito em
Évora, pelo que a cidade de Évora promoveu uma subscrição pública para erigir este busto no jardim Diana, da autoria de Simões de Almeida (Sobrinho) logo após a sua morte.
Fonte: http://www4.cm-evora.pt/pt/conteudos/Nucleo+de+Documenta%C3%A7%C3%A3o/Destaque+mensal+-+Francisco+Barahona.htm e http://www.pro-evora.org/pt/index.php/comunicados/info-11/29-significado-do-busto-do-dr-barahona
terça-feira, 11 de julho de 2017
segunda-feira, 10 de julho de 2017
Restaurante Bon Vivant
Em Estrasburgo gostei muito deste restaurante, numa rua perto da Catedral e apesar de estar numa zona turística, é um local tranquilo. Bem decorado (onde nenhum pormenor escapa), bastante confortável, e a simpatia da empregada fica na memória!
Universo do mestre de obras
Pouco conhecia do universo dos mestres-de-obras e a revelação algumas subtilezas, até então insuspeitadas, da língua portuguesa, tê-la-iam deixado muito insegura. "Dez da Manhã" a querer dizer "meio-dia", "amanhã" a querer dizer "para a semana" e "para a semana", "nunca mais", "com certeza" a querer dizer "não", "garanto" a querer dizer "nunca", "compromisso" a querer dizer "rábula" e "palavra de honra"a querer dizer "tá bem abelha, eu bem te lixo".
CARVALHO, Mário, A Arte de morrer longe, Alfragide, Caminho, 2010, p. 39.
quinta-feira, 6 de julho de 2017
quarta-feira, 5 de julho de 2017
Ardenthya maritima
terça-feira, 4 de julho de 2017
Biblioteca - labirinto
Não sei ao certo quanto tempo passei dentro do labirinto, olhando para
encardernações finas e grossas, para os volumes que se seguiam a outros volumes,
para os códigos e letras de referência que decoravam as lombadas. Todos aqueles
livros me eram desconhecidos, nunca ganhara o hábito de ler. Imaginei o que
seria um homem ler todos os volumes da bilbioteca, e surgiu-me a imagem de uma
criança a crecser afogada em livros, do princípio ao fim, vivendo a vida de
outros em páginas, sabendo tudo e não sabendo nada.
TORDO, João, O
livro dos homens sem luz, Temas e Debates, Lisboa, 2004, p. 27.
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