Carlos era um gentil moço. Não me demoro a descrever-lhe as graças por
miúdo. É uma usurpação, e, pior ainda, um mau gosto, quase a fazer tédio, isto
de pintar homens com as mesmas tintas e contornos de que usam poetas e
romancistas nos retratos das damas. Nem a Musset, nem a Hugo, nem a Garret, nem
a Sand, se há de relevar tamanha sensaboria. Se é a escritora a que pinta, desonesta-se;
se é homem, ridiculiza-se.
CASTELO BRANCO,
Camilo, A Mulher Fatal, s.l., Circulo de Leitores, 1990, p.p. 24-25.
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