… nem se dava
conta que tinha frio, porque o habitava um outro frio, o do medo. Não se
tratava do mesmo medo que tinha sentido em sonho, esse medo atroz de se
asfixiar-em-e-por-si-próprio, esse medo que era preciso afastar a qualquer
preço e ao qual conseguira fugir. O medo que agora sentia era o de desconhecer
ao que se agarrar. Esse medo era o contrário do outro. A este não podia fugir,
via-se obrigado a enfrentá-lo. (…) Agiu, porém, com coragem. Ou seja, combateu
o medo de saber através do medo de desconhecer; e ganhou, porque sabia que não lhe
restava outra alternativa.
SUSKIND, Patrick,
O perfume – história de um assassino, Editorial Presença, 20.ª edição, Lisboa,
2002, p.p. 152-153.
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