domingo, 21 de março de 2021

Ó Primavera




HortenseLimpo de tédio os meus olhos para te receber,
Ó primavera, e um dilúvio de miosótis faz-me regressar
À estação das chuvas, ouvindo o correr das águas
Numa impaciência de estuário. Lanço a pedra do outono
Contra o anjo cego da madrugada, e as suas asas
Estendem-se sob as nuvens que desceram até ao campo
Onde a pastora se perdeu do rebanho…
JÚDICE, Nuno, Cantar rústico , Navegação de acaso, Lisboa, D. Quixote, 2013, p. 11.

sábado, 20 de março de 2021

sábado, 6 de março de 2021

António Arnaut

Hortense
Busto no Parque Verde de Coimbra
António Duarte Arnaut (Penela, 28/1/1936 – Coimbra, 21/5/ 2018) advogado e político português, ocupou o cargo de Ministro dos Assuntos Sociais do II Governo Constitucional. licenciatura em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em 1959. 

Desde jovem se envolveu na oposição ao Estado Novo. Participou na comissão distrital da candidatura presidencial de Humberto Delgado, em Coimbra, em 1958, foi arguido no processo resultante da carta dos católicos a António de Oliveira Salazar, em 1959, candidato à Assembleia Nacional, pela Comissão Democrática Eleitoral, no círculo de Coimbra, nas eleições legislativas de 1969. 

Militante da Acção Socialista Portuguesa desde 1965, foi cofundador do Partido Socialista, em 1973, tendo sido seu dirigente até 1983.
Ministro do II Governo Constitucional, formado por coligação entre o PS e o CDS de Diogo Freitas do Amaral, coube-lhe a pasta dos Assuntos Sociais, tendo nessa qualidade lançado o Serviço Nacional de Saúde, o que lhe deu o estatuto de pai do SNS.
 
Exerceu diversos cargos na Ordem dos Advogados, nomeadamente o de presidente do Conselho Distrital de Coimbra. É autor de um Estatuto da Ordem dos Advogados Anotado, bem como de um ensaio intitulado Iniciação à Advocacia, destinado a estudantes e jovens advogados. Em 2007, recebeu a Medalha de Honra da Ordem dos Advogados. Também foi um dos fundadores do Círculo Cultural Miguel Torga e presidente da sua Assembleia Geral. Em 1995, fundou a Associação Portuguesa de Escritores Juristas, de que foi presidente.

Foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade a 25 de abril de 2004, nas comemorações dos 30 anos da Revolução de 25 de Abril e a  7 de abril de 2016, nas comemorações do Dia da Saúde, foi elevado ao grau de Grã-Cruz da Ordem da Liberdade pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.

Fonte: Wikipédia

quinta-feira, 4 de março de 2021

Até o fraco gosta de certezas

 

Se o permitirmos, a incerteza deixa-nos face a face com a natureza do eu-fraco. Uma das razões pelas quais nos agarramos à ilusão da certeza é a da que ela dá ao eu-fraco a falsa sensação de controlo. Como o eu-fraco é a parte de nós que investe em matar a nossa auto-imagem e a visão do mundo, ele gosta de ter certezas. 

RANKIN, Lissa, Cure os seus medos, Amadora, Nascente, 2016, p. 133

terça-feira, 2 de março de 2021

Jardim Botânico da Ajuda



























Um paraíso no meio de Lisboa. O silêncio e a natureza são maravilhosos, para fugir à confusão da cidade não há melhor ;)

Arcos

Claustro do antigo convento de São Francisco de Évora

segunda-feira, 1 de março de 2021

Silêncio



Sobretudo o silêncio com gola de astracã
o sorriso entretela o sonho assertoado
sobretudo o peludo que se põe de manhã
e à noite é escovado.
Sobretudo o chumaço da cultura nos ombros
e a fazenda inglesa de meia-estação.
Sobretudo o cuidado que ao despi-lo pomos
em estarmos vestidos como os outros são.

SANTOS, Ary dos, O sobretudo, Vinte anos de poesia, Lisboa, Círculo de Leitores, 1984, p. 63.

Abre os olhos

Abre os olhos e vê. Sê vigilante
a reacção não passará diante
do teu punho fechado contra o medo.

Santos, Ary, Vinte anos de poesia, .... p. 148.

Estação de Pinhal Novo


 

As modalidades do tempo que não estica

Que somos nós senão escravos do tempo? Vivemos sob a ditadura do tempo cronológico: aquele tempo utilitário e voraz, aquele contador ininterrupto que não dorme, aquele corredor que ninguém consegue travar. Somos literalmente engolidos pelo tempo, como a sugestiva imagem da mitologia diz ser a prática de Cronos, o inexpugnável rei dos titãs que, sem piedade, devorara os próprios filhos. E damos por nós a habitar dentro desse processo de devoração, correndo na ofegante corrente dos dias, acreditando que nada pode parar, temendo qualquer ralentização ou pausa e deixando com isso adiando a vida para outra vida. Estamos sempre a empurrar para o fim de semana, ou então para as férias ou para uma ocasião propícia que nunca chega. Porque o tempo não estica. 

MENDONÇA, José Tolentino, O que é amar um país, Lisboa, Quetzal, 2020, pp 41-42.