segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sermão de Santo António aos peixes no painel de azulejos da Sé de Lisboa

O Sermão de Santo António aos Peixes foi proferido na cidade de São Luís do Maranhão em 1654, na sequência de uma disputa com os colonos portugueses no Brasil.



O Sermão de Santo António aos Peixes constitui um documento da surpreendente imaginação, habilidade oratória e poder satírico do Padre António Vieira, que toma vários peixes (o roncador, o pegador, o voador e o polvo) como símbolos dos vícios daqueles colonos.



Com uma construção literária e argumentativa notável, o sermão pretende louvar algumas virtudes humanas e, principalmente, censurar com severidade os vícios dos colonos. Este sermão (alegórico) foi pregado três dias antes de Padre António Vieira embarcar ocultamente (a furto) para Portugal, para obter uma legislação justa para os índios.



Todo o sermão é uma alegoria, porque os peixes são a personificação dos homens:

Peixe de Tobias
Cura a cegueira
"(...) sendo o pai de Tobias cego, aplicando-lhe o filho aos olhos um pequeno do fel, cobrou inteiramente a vista;"
Expulsa os demónios
"(...) tendo um demónio chamado Asmodeu morto sete maridos a Sara, casou com ela o mesmo Tobias; e queimando na casa parte do coração, fugiu dali o demónio e nunca mais tornou;"



Rémora
Um peixe pequeno mas tem muita força. Representa a força da palavra de Santo António.
A fraqueza e nada com que luz
"(...) se se pega ao leme de uma nau da índia (...) a prende e amarra mais que as mesmas âncoras, sem se poder mover, nem ir por diante."
"Oh se houvera uma rémora na terra, que tivesse tanta força como a do mar, que menos perigos haveria na vida, e que menos naufrágios no mundo!"
"(...) a virtude da rémora, a qual, pegada ao leme da nau, é freio da nau e leme do leme"
Apenas é comparável à língua de Santo António, que serve de guia às pessoas
O demónio está dentro de ti por isso come sal




Torpedo
Peixe que faz descargas eléctricas para se defender. Representa a conversão.
Faz abanar, faz passar a dout, o bom e a virgindade do Espírito Santo
"Está o pescador com a cana na mão, o anzol no fundo e a bóia sobre a água, e em lhe picando na isca o torpedo, começa a lhe tremer o braço. Pode haver maior, mais breve e mais admirável efeito? De maneira que, num momento, passa a virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol, à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador"
Faz t(r)emer os pe(s)cadores



Quatro Olhos
Vê para cima e para baixo. Representa a capacidade de distinguir o bem do mal (céu/inferno).
A Vigilância, providência
"Esta é a pregação que me fez aquele peixezinho, ensinando-me que, se tenho fé e uso da razão, só devo olhar direitamente para cima, e só direitamente para baixo: para cima, considerando que há Céu, e para baixo, lembrando-me que há Inferno" (Senão por amor a Deus (cima), então, por repúdio ao inferno (baixo))

Neste capítulo faz-se repreensões aos peixes em particular, que representam os diversos defeitos humanos:
- Os Roncadores: Soberba, Orgulho. Muita arrogância, pouca firmeza.
- Os Pegadores: Parasitas. Vivem na dependência dos grandes, morrem com eles.
- Os Voadores: Presunção, Ambição. Foram criados peixes e não aves
- O Polvo: Traição. Ataca sempre de emboscada porque se disfarça, comparado a Judas
FONTE:WIKIPÉDIA

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