sexta-feira, 1 de abril de 2011

SONETO DE ABRIL

Agora que é abril,
e o mar se ausenta,
secando-se em si mesmo como um pranto,
vejo que o amor que te dedico aumenta
seguindo a trilha de meu próprio espanto.
Em mim,
o teu espírito apresenta
todas as sugestões
de um doce encanto que em minha fonte
năo se dessedenta por não ser fonte d'água,
mas de canto.
Agora que é abril,
e vão morrer
as formosas canções dos outros meses,
assim te quero,
mesmo que te escondas:
amar-te uma só vez
todas as vezes
em que sou carne e gesto,
e fenecer como uma voz chamada pelas ondas.

Ledo Ivo


FONTE: http://www.kplus.com.br/materia.asp?co=689&rv=Cigarra

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