No
ano de 1412, o cónego Luís Gonçalves, tesoureiro-mor da Catedral de
Évora, fundou a primitiva ermida gótica dedicada a Nossa Senhora do
Espinheiro, em consequência de uma aparição da Virgem sobre um
espinheiro.
Os relatos dos milagres patrocinados por Nossa Senhora
do Espinheiro atraíram grande número de peregrinos, e em 1547 o oratório
foi aumentado, fruto das doações de João Afonso e Leonor Rodrigues, um
nobre casal eborense. A crescente devoção a Nossa Senhora conduziu à
fundação de uma igreja no ano seguinte e no mesmo local. Igreja à qual o
bispo da diocese D. Vasco Perdigão associou, pouco depois, um convento
de frades Jerónimos.
Desde sempre protegido pela Casa Real, o
convento sofreu múltiplas intervenções durante os reinados de D. Afonso
V, D. João II, D. Manuel, D. João III e D. Sebastião. Simultaneamente,
foi palco de muitos acontecimentos políticos de singular importância.
A arquitectura da igreja reflecte, exactamente, o gosto das diferentes
épocas e dos constantes melhoramentos impostos pelos monarcas,
nomeadamente das campanhas do período gótico e maneirista. Assim, e da
primeira edificação, subsistem os absidíolos do transepto e alguns
vestígios da ábside poligonal, totalmente transformada no último quartel
do século XVII; da campanha de 1566 resta a balaustrada e cadeiral do
coro, e o pórtico exterior, este último de características
renascentistas, com a representação de São João Baptista, São Jerónimo e Nossa Senhora do Leite.
A nave é de estilo chão, característico da arquitectura eborense de
transição (século XVI - século XVII), e os painéis de azulejos que a
revestem, alusivos à vida de São Jerónimo, são provenientes da
Fábrica do Rato. Estes, remontam à década de 1760 (SIMÕES, Santos), data
da campanha de obras de D. Maria I, que muito modificou a igreja.
No corpo da nave, distribuem-se altares de diversas invocações, sendo
que a Capela dos Reis ou do Fundador, ocupa o primitivo braço fundeiro
do transepto (ESPANCA, Túlio, 1966). Muitas das capelas são monumentos
funerários de famílias e de indivíduos ilustres de Évora e do reino,
como o bispo fundador da igreja e do convento; ou o cónego André de
Sande, cuja capela se reveste de azulejos historiados atribuídos ao
monogramista P.M.P. e retábulo barroco.
Uma última referência ao pintor
Frei Carlos, monge professo no Convento de Nossa Senhora do Espinheiro,
onde pintou muitas das suas tábuas, tão significativas no contexto da
denominada pintura primitiva portuguesa. À época da extinção dos
conventos, algumas das pinturas de Frei Carlos encontravam-se na nave da
igreja, tendo então sido remetidas para o Depósito dos Conventos, sito
em São Francisco da Cidade de Lisboa.
Fonte: Igespar
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