Manuel Severim de Faria (Lisboa, Fevereiro de 1584 - Évora, Setembro de 1655) foi um sacerdote católico, historiador, arqueólogo, numismata, genealogista e escritor. É também considerado o primeiro jornalista português.
Severim de Faria era um curioso e estudioso, interessando-se pela história nos seus múltiplos aspectos, sendo hoje considerado um autor de referência para a genealogia da família real, bem como no âmbito da numismática e arqueologia. Fruto dos seus contactos locais e nacionais obteve um acervo de peças romanas de considerável dimensão, nomeadamente no que a moedas romanas diz respeito. Também tinha inúmeros exemplares de moedas dos reinos godos e mouros e dos reis de Portugal, sobre as quais escreveu vários estudos, que se tornaram imprescindíveis e inúmeras vezes citados, nacional e internacionalmente. Ainda na sua vertente de historiador, efectuou vários estudos genealógicos sobre os reis de Portugal e várias famílias nobres. E escreveu as primeiras biografias de Camões, João de Barros, Diogo do Couto e outros personagens relevantes do seu tempo.
Assim, a sua intervenção política deu-se naturalmente por via da escrita. Em 1624 Severim de Faria publicou a obra Discursos Vários Políticos, na qual advogou, nomeadamente, a transferência da sede da corte de Madrid para Lisboa . Como homem do seu tempo, manifestou-se contrário ao perdão geral dado aos cristãos novos, de 1601, concedido a troco da entrega de elevada quantia de dinheiro à Coroa pelos judeus de Lisboa em dois pequenos livros: Razões Para Não Se Admitirem Sinagogas em Portugal e Relação dos Castigos Que Tiveram os Reis de Portugal Que Favoreceram os Judeus.
Manuel Severim de Faria faleceu em 1655 (a 25 de Setembro ou a 16 de Dezembro), aos 71 anos de idade, em virtude de uma forte crise de icterícia, ficando sepultado, por seu desejo expresso, junto a seu tio Baltasar Faria de Severim, na Cartuxa de Évora. Com a extinção das ordens religiosas, decretada em 1834, e com a demolição do antigo Convento de São Domingos de Évora para a construção no local de uma nova praça, os cidadãos locais pretenderam preservar a memória de um outro religioso eborense famoso, André de Resende, organizando-se para a transladação dos seus restos mortais para a Sé de Évora. Na sequência, foi recordado Manuel Severim de Faria, e por forma a sua memória não correr igual risco, uma vez que a Cartuxa de Évora se encontrava abandonada, a 30 de Julho de 1839 os seus restos mortais, juntamente com os de Baltasar Faria de Severim, foram transladados para a Sé Catedral de Évora, onde actualmente se encontra o seu túmulo, cuja tampa, mandada realizar pelo próprio, tem a seguinte inscrição:
Manuel Severim de Faria Chantre e Cónego da Sé de Évora elegeo para si esta sepultura assim por sua devoção, como por estar nella o corpo do P. D. Basílio de Faria seu tio, que falleceo sendo Prior deste Convento a 5 de Abril de 1625. |
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