sexta-feira, 21 de março de 2014

O Anjo

Há um lugar chamado O Anjo que era escolhido como passeio de turma para premiar o bom comportamento moral e escolar das alunas do colégio. A beleza do ermo com algumas rochas e tufos de flores que variavam conforme as estações, não deixava de surpreeender as crianças, que esttavam nessa idade insubmissa e sonhadora muitas vezes precursora de infelicidade.
O Anjo, num dia de Primavera, sendo já adiantado o mês de Maio, mostrava-se resplandecente de luz. variado de cores ternas, singular no seu silêncio. Ao longe rangia uma nora debaixo dum pé de vinha que começava a enfolhar. Os cães correspondiam-se com ladrilhos espaçados; uma tristeza em que havia a saudade duma festa acabada, pressentia-se no ar. Era arrebatador, como sinal dum acontecimento que vai decidir da nossa vida.

LUÍS, Agustina Bessa, O princípio da incerteza - A alma dos ricos, 6.ª edição, Lisboa, Guimarães Editores, p.10.

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