quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sophia de Mello Breyner

Hoje, que o Panteão Nacional acolheu mais uma heroina portuguesa, não posso deixar de partilhar esta ilustre homenagem no meu blogue com um dos poemas de Sophia de Mello Breyner, dEsta gente que ela tão bem conheceu, o nosso povo:

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo
 
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia". Retirado do site  http://www.citador.pt/poemas/esta-gente-sophia-de-mello-breyner-andresen

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