sexta-feira, 17 de abril de 2015

Aqueduto, um caminho do Reino

Esta tragédia alastrava como um pesadelo medonho, que envolvia uma das mais esplendorosas obras que identificava Lisboa, graças ao talento de homens como Manuel da Maia e dos arquitectos Custódio Vieira e Carlos Mardel. Tinha um século de existência e aguentou o terrrível terramoto  que destruiu a cidade e matou milhares de infelizes, altivo, imponente, e, segundo se proclama, com os maiores arcos ogivais do mundo. Diz quem o conheceu por dentro que, de cada lado do fio de água, tem dois carreiros estreitos para que o povo das hortas e quintas de Benfica e de Monsanto posssa chegar a Lisboa sem necessidade de galgar colinas e saltar ribeiras, sendo um dos caminhos públicos mais afamados do Reino. e é precisamente esta pérola, a qual enobrece Lisboa, que o galego ensaguenta com os seus bárbaros crimes, para roubar pobres, tão pobres que os cães vadios têm compaixão deles.

FLORES, Francisco Moita, Segredos de Amor e Sangue, Alfragide, Casa das Letras, 2.ª edição, 2014, pp. 136-137.

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