sábado, 31 de agosto de 2019

O pior

Aqueles que viveram os anos mais duros sabem que o pior não é a solidão do combatente. O pior é chegar ao instante em que confiamos mais na arma que levamos do que nos seres humanos, nos companheiros.

SEPÚLVEDA, Luís, O Fim da história, Lisboa, Porto Editora, 2017, p.149.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Gaivotas flutuando

Ria Formosa

O meu país é o que o mar não quer

Horta, Faial
No meu país não acontece nada
o corpo curva ao peso  de uma alma que não sente
Todos temos janela para o mar voltada
o fisco vela e a palavra era para toda a gente (...)

O português paga calado cada prestação
Para banhos de sol nem casa se precisa
E cai-nos sobre os ombros quer a arma quer a sisa
e o colégio do ódio é a patriótica organização.

Morre-se a ocidente como o sol à tarde
Cai a sirene sob o sol a pino
Da inspecção do rosto o próprio olhar nos arde
Nesta orla costeira qual de nós foi um dia menino?(...)

O meu país é o que o mar não quer
é o pescador cuspido à praia à luz do dia
pois a areia cresceu e o povo em vão requer
curvado o que de fronte erguida já lhe pertencia

A minha terra é uma grande estrada
que põe a pedra entre o homem e a mulher
O homem vende a vida e carga sob a enxada
O meu país é o que o mar não quer.

BELO, Ruy, Na Margem da alegria - poemas escolhidos por Manuel Gusmão,  Assírio e Alvim, 2011, pp. 104-105.

Ourivesaria no museu















Custódias, cálices, fios, brincos ou salvas em ouro ou prata, mais pedras preciosas é o que podemos admirar nesta bela colecção do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

Dafundo Azul

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Inutilidade dos conselhos

Eu não aconselho. Colecciono selos. Para dar conselhos é preciso estar absolutamente seguro de que os conselhos são bons, e para isso é preciso estar certo (o que em absoluto ninguém está) que se está na posse da verdade. E, depois, é preciso saber se esses conselhos se adaptam ao indivíduo a que se estão dando, e para isso é preciso conhecer-lhe a alma toda, o que  nunca se pode dar. E, além disto, ainda há que o modo de dar os conselhos deve ser  exactamente o adaptado àquela alma; aconselham às vezes coisas que não se quer que se façam para, combinadas com elementos outros da alma aconselhada, darem o resultado que se quer. Só gente muito ingénua dá conselhos.
 
PESSOA, Fernando, O filatelista, O mendigo e outros contos, Porto, Assírio e Alvim, 2012, p. 115.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Ruínas de Igreja








Castelo de Montemor-o-Novo

Inês de Castro




Túmulos no Mosteiro de Alcobaça de Inês e Pedro


Vi-a chegar vi-a depois partir
vi-a afinal partir no próprio acto de chegar
no seu altivo passo de rainha
que eternamente reinara ali
no meu terrível reino de palavras
Vinha de longe e ia para longe
mas nunca poderia abandonar-me
porque a pudera ver uma só vez
como digo e redigo neste texto e na versão número três
Morrera há muitos séculos mas chamava-se inês

BELO, Ruy, Na Margem da alegria - poemas escolhidos por Manuel Gusmão,  Assírio e Alvim, 2011, p. 154.

domingo, 11 de agosto de 2019

O que é a arte?

A arte é um esquivar-se a agir, ou a viver. A arte é a expressão intelectual da emoção, distinta da vida, que é a expressão volitiva da emoção. O que não temos, ou não ousamos, ou não conseguimos, podemos possuí-lo em sonho, e é com esse sonho que fazemos arte. Outras vezes a emoção é a tal ponto forte que, embora reduzida à acção, a acção, a que se reduziu, não a satisfaz; com a emoção que sobra, que ficou inexpressa na vida, se forma a obra de arte. Assim, há dois tipos de artista: o que exprime o que não tem, e o que exprime o que sobrou do que teve.

PESSOA, Fernando, Palavras do Livro do Desassossego, Vila Nova de Famalicão, Edição Libório Manuel Silva, 2013, p. 30.


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

O rio canta?

 

Rio Alcoa, Alcobaça
 
O rio canta quando é pouco mais que um fio
nesse contorcionismo só possível a um vidro de murano
na transparência própria e exclusiva da infância
O rio brinca joga é como uma criança
quando pelos despenhadeiros lembra ainda o seu humilde nascimento
ou nas pedras o ser líquido lavando purifica
ou nas lezírias tem gorduras e cansaços e remansos traiçoeiros
que uma velhice indesmentível denunciam
O rio dissimula em sua geografia a sua história
esconde nos acidentes naturais os seus conflitos e tragédias
evita obstáculos varia de atitude
é simples ou solene é acessível ou distante
conforme lhe convém em cada circunstância

BELO, Ruy, Na Margem da alegria - poemas escolhidos por Manuel Gusmão,  Assírio e Alvim, 2011, p. 185.

Relógio de sol

O relógio de Sol é um instrumento que mede a passagem do tempo pela observação da posição do Sol. Os tipos mais comuns, são os "relógios de Sol de jardim", que são formados por uma superfície plana que serve como mostrador, onde estão marcadas as linhas que indicam as horas, e com um pino ou placa, cuja sombra projectada sobre o mostrador funciona como um ponteiro de horas num relógio comum. À medida que a posição do Sol muda, a sombra desloca-se pela superfície do mostrador, passando sucessivamente pelas linhas que indicam as horas. Também existem relógios de Sol mais complexos, com mostradores inclinados e/ou curvos. Os relógios de Sol normalmente mostram a hora solar aparente, mas, com pequenas mudanças, também podem indicar a hora padrão, que é a hora do fuzo horário em que o relógio está geograficamente localizado.

E este relógio de sol que está no topo da Sé de Évora ainda está bem conservado.

Fonte: Wikipédia.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Figueira da Foz















Redondo



Redondo, vila onde a hospitalidade é tradição, situa-se no alto Alentejo a 34 Km da capital de distrito, Évora. Outrora declarada por D. João I como passagem obrigatória para todos os viajantes de Évora, Vila Viçosa e Alandroal, assume-se hoje como paragem obrigatória imposta pela sua riqueza histórica, cultural e arquitetónica.

Fonte:  http://www.cm-redondo.pt/pt/visitar

domingo, 4 de agosto de 2019

Rinoceronte branco


O rinoceronte-branco (nome científico: Ceratotherium simum) ou rinoceronte de lábios quadrados é o maior dos rinocerontes, família de mamíferos perissodáctilos. Difere-se do rinoceronte-negro não exactamente pela cor (ambas espécies são acinzentadas) e sim pelo formato de seus lábios. O rinoceronte branco consistia em duas subespécies: o rinoceronte branco do sul é a mais abundante, com uma população estimada em 21.077 indivíduos em 2015, e o rinoceronte branco do norte, que é muito mais raro, sendo que em 2018, morreu o último rinoceronte-branco do norte macho, ficando apenas duas fêmeas da subespécie.


Apesar do nome, sua pele é escura e lisa. A explicação para o nome de rinoceronte-branco, "white rhinoceroses" em inglês, é originária da África do Sul quando a língua afrikaans se desenvolveu a partir do holandês. A palavra do afrikaans "wyd" (derivada do holandês "wijd"), significa largo ou "wide" em inglês, referindo-se a boca larga do rinoceronte. Os primeiros colonizadores britânicos na região interpretaram a palavra "wyd" por "white". A partir de então, o rinoceronte da boca "larga" foi chamado de rinoceronte-branco, enquanto que o rinoceronte da boca "estreita" ou "narrow pointed", foi chamado de rinoceronte-negro. A boca "larga" é adaptada para comer grama rasteira, a boca "estreita" é adaptada para comer as folhas dos arbustos. Essa seria a explicação do nome do rinoceronte-branco, espécie que pude conhecer melhor no Zoo de Lisboa.


A espécie tem uma distribuição geográfica descontínua. A subespécie C. s. cottoni ocorria no sul do Chade, no leste da República Centro-Africana, sudoeste do Sudão, nordeste da República Democrática do Congo e noroeste de Uganda. O C. s. simum ocorria no sul da África, no sudeste de Angola, possivelmente no sudoeste da Zâmbia, centro e sul de Moçambique, Zimbábue, Botsuana, leste da Namíbia e norte e leste da África do Sul. O rinoceronte habita nas zonas descampadas e planas da África, comparado às outras espécies, é pacato e inofensivo.


O rinoceronte branco é a maior das cinco espécies existentes de rinocerontes.  Tem um corpo maciço e uma cabeça grande, um pescoço curto e grosso. O comprimento total da espécie é de 3,7 a 4 m nos machos, que pesam 3.600 kg em média, e 3,4 a 3,65 m nas fêmeas relativamente mais leves com 1.700 kg, com a cauda tendo mais de 70 cm, a altura no ombro varia de 1,70-1,86 m no macho e 1,60-1,77 na fêmea, o tamanho máximo que a espécie é capaz de atingir não é definitivamente conhecido, espécimes de até 3.600 kg já foram registados, sendo que o maior espécime tinha cerca de 4.530kg . No focinho possui dois chifres, que são feitos de queratina endurecida, o que os difere dos chifres existentes nos bovídeos. O chifre dianteiro é maior, e tem uma média de 60 cm de comprimento, atingindo até 150 cm, mas apenas em fêmeas. O rinoceronte branco também possui uma corcunda notável na parte de trás do pescoço, cada uma de suas quatro patas são dotadas de três dedos. A cor do corpo varia de castanho amarelado a cinza, os únicos pelos de seu corpo estão presentes nas orelhas e na cauda. As orelhas são capazes de se mover de forma independente para captar melhor os sons do ambiente, seu olfacto é relativamente aguçado e os rinocerontes brancos possuem as mais largas narinas de todos os animais terrestres. 

Fonte: Wikipédia

Camelos do Zoo

Os camelos (Camelus) contém duas espécies: o dromedário (Camelus dromedarius), de uma bossa, e o camelo-bactriano (Camelus bactrianus), de duas bossas. Ambos são nativos de áreas secas e desérticas da Ásia. Ambas as espécies são domesticadas, fornecendo leite e carne para consumo humano, e são animais de tração.


O nome camelo vem do grego kamelos a partir do hebraico ou fenício gāmāl, "camelo", possivelmente a partir de uma raiz que significa suportar ou carregar (relacionado com o árabe jamala). As evidências fósseis indicam que os ancestrais dos camelos modernos evoluíram na América do Norte durante o período Paleogeno, os Camelops, e depois se espalhou para vários lugares da Ásia e Norte da África. Povos antigos da Somália, os Punts, domesticaram primeiros camelos muito antes de 2000 a.C.


Mesmo com a existência de mais de 13 milhões de dromedários hoje, eles foram extintos como animais selvagens. Há, porém, uma população selvagem considerável de cerca de 32 000 que vivem nos desertos da Austrália central, descendentes de indivíduos que escaparam no século XIX.

Fonte: Wikipédia

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Continua de pé!!

Tenho de me sentar. Tenho um corpo velho de mais. São muitos anos a ver o mundo a desmoronar-se. Isso faz muitas rugas, faz cair o cabelo e os dentes, faz encurvar as costas. Mas apesar disto tudo, apesar de estar tão encolhido pela idade, a alma continua de pé.

CRUZ, Afonso, O pintor debaixo do lava-loiças, 3.ª edição, Alfragide, Caminho, 2014, p. 158.

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