Rio Alcoa, Alcobaça |
O rio canta quando é pouco mais que um fio
nesse contorcionismo só possível a um vidro de murano
na transparência própria e exclusiva da infância
O rio brinca joga é como uma criança
quando pelos despenhadeiros lembra ainda o seu humilde nascimento
ou nas pedras o ser líquido lavando purifica
ou nas lezírias tem gorduras e cansaços e remansos traiçoeiros
que uma velhice indesmentível denunciam
O rio dissimula em sua geografia a sua história
esconde nos acidentes naturais os seus conflitos e tragédias
evita obstáculos varia de atitude
é simples ou solene é acessível ou distante
conforme lhe convém em cada circunstância
BELO, Ruy, Na Margem da alegria - poemas escolhidos por Manuel Gusmão, Assírio e Alvim, 2011, p. 185.
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