Quando quis ser fruto
Fui fome,
Não mais do que areia
De um chão sem cio.
Quando sonhei ser pano
Fui agulha.
E morri no sono do
gesto
De enrolar o fio.
Quando aprendi a ser
poente
Já não havia céu.
Quando quis anoitecer
Tudo era luz.
E assim me condeno
Em livre vício:
No mais derradeiro
Eu só vislumbro um
início.
COUTO, Mia, Tardio, Idades cidades divindades – Poesia, 3.ª edição, Alfragide, Caminho, 2016, p.34
COUTO, Mia, Tardio, Idades cidades divindades – Poesia, 3.ª edição, Alfragide, Caminho, 2016, p.34
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