Há umas semanas fui comer uma francesinha ao Guarda-sol, sozinho, à mesa da minha avó. Entendi bem que estar ali, na cidade, é já por definição estar acompanhado. Não admira que só por isso tenha a impressão da conversa. Devia haver cadeiras que, vazias dos mortos, ainda assim não permitissem os vivos de sentar. Por estarem, ao menos no nosso afecto, sempre ocupadas.
MÃE, Valter Hugo, Contra mim, Porto, Porto Editora, 2020 p. 63.
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