Espaço de religão, a Sé de Évora é, em absoluto, um espaço humano: o destino destas pedras foi definido pela inteligência, foi ela que as desentranhou da terra e lhes deu forma e sentido, é ela que pergunta e responde na planta desenhada no papel. É a inteligência que mantém de pé a torre lanterna, que harmoniza a pauta do trifório, que compõe os feixes de colunelos (...) Mas o viajante, que muito viu já, não encontrou nunca pedras armadas que com estas criassem no espírito uma exaltação tão confiante do poder de inteligência... mas a Sé de Évora, severa e fechada ao primeiro olhar, recebe o viajante como se lhe abrisse os braços, e sendo esse primeiro movimento o da sensibilidade, o segundo é o da dialéctica.
SARAMAGO, José, Viagem a Portugal, Caminho Editora, 15.ª Edição, p.p. 342-348
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