Cruz Quebrada - Dafundo é uma freguesia portuguesa do concelho de Oeiras, com 3,00 km² de área e 6 393 habitantes (2011). Densidade: 2 131 hab/km².
A freguesia foi oficialmente criada a 11 de Junho de 1993, por desmembramento da freguesia de Carnaxide. Como o próprio nome indica é constituída pelas localidades de Cruz Quebrada e Dafundo, entre outras mais pequenas.
Cruz Quebrada e Dafundo pertenciam, assim como o lugar de Algés, ao “Reguengo
de Algés”, também denominado por “Algés de Ribamar”, que já no tempo de D.
Afonso Henriques designava os terrenos compreendidos entre a Ribeira de
Alcântara e o Rio Jamor.
Cruz Quebrada localiza-se junto ao vale do Rio Jamor, prolongando-se um pouco
para Norte e para Este.
Situa-se próxima de uma ponte de pedra que
permite a travessia do rio, no parapeito da qual existiram duas cruzes,
encontrando-se a segunda partida, facto que poderá estar na origem da sua
designação. Explicação mas plausível na minha opiniao por se encontrar jnto da ponte seiscentista uma base onde se nota que a cruz não é a original, substituída provavalmente depois de se quebrar a pedra. Contudo, existe uma outra versão para a origem do nome da localidade é a de que
existia na povoação um cruzeiro aparentemente muito venerado pela população.
Sendo o cruzeiro moldado em bronze, teria sido roubado pelos franceses, aquando
das Invasões, para ser derretido e fazer canhões. Após o roubo, a população
passou a garantir que, sem o seu Cristo, a cruz dava brados ou sejam gritos para
o ar. Teria por isso passado a chamar-se Cruz Que Brada. O tempo encarregou-se
de lhe modificar o nome para Cruz Quebrada, que permanece até à actualidade.
Segundo alguns autores, a primeira referência ao topónimo da Cruz Quebrada
surge no Foral da Vila de Oeiras (1760), embora, em documento datado de 1649,
este lugar seja mencionado indirectamente, associado ao Forte de Santa Catarina
da Cruz Quebrada.
O Dafundo ocupa os terrenos mais próximos da praia com o mesmo nome. As
referências ao seu nome (topónimo composto pela junção das palavras “dá” e
“fundo”) datam de meados do século passado e, na opinião de alguns autores, está
relacionado com a pouca profundidade que o rio Tejo teria nesse local.
Sendo a família do Marquês de Pombal proprietária de terras e casas nestes
locais, estes foram, logo a seguir à Vila de Oeiras, os lugares do Concelho que
mais beneficiaram da administração do Marquês e das vantagens que o foral da
vila lhes concedia. O Marquês de Pombal (Sebastião José de Carvalho e Melo)
criou o morgadio do Dafundo para o seu 2º filho varão, José Francisco Maria Adão
Macário de Carvalho e Daum, em 1776.
Por outro lado, devido ao facto de estes lugares se encontrarem no caminho de
Oeiras, e de este se constituir como “reguengo” - o que instituía
obrigatoriamente direitos alfandegários para toda a mercadoria que entrasse
nesses domínios – proporcionou-lhes, através dos rendimentos da portagem
estabelecidos pelo foral, fonte de receitas complementar e conferiu a estes
lugares grande protagonismo na época.
Dada a sua localização e atributos paisagísticos, com a barra do Tejo ali em
frente, funcionou ao longo do século XVIII, como local de fuga privilegiado da
aristocracia, onde as quintas e os palacetes definiam a estrutura da
propriedade, a que se associava uma população residente cuja actividade
assentava no sector primário.
A partir da segunda metade do século XX, passam a ser lugares muito
procurados pelos habitantes de Lisboa como espaço de repouso e lazer. Na Cruz
Quebrada viveram alguns ilustres da nossa história e cultura, como por exemplo:
- Almeida Garrett (que viveu na Quinta do Rodízio, onde terá escrito “Folhas Caídas”) estreou em 1945, num salão particular no Dafundo "Profecias de Bandarra", em 1847 escreve a peça “ O Noivado no Dafundo”.
- Aquilino Ribeiro
- e o historiador Pinheiro Chagas, foram duas personalidades que passavam férias na localidade.
O Dafundo foi um local muito procurado pela aristocracia amiga de farra e de
boémia, devido à sua fama novecentista como local onde se poderiam encontrar
“toureiros, espanholas e fadistas”, assim como “casas de pasto, tascas,
petisqueiras, comes e bebes e bom vinho”. Eça de Queiroz, refere o Dafundo
em vários dos seus romances, retractando em "A Relíquia" (1884) e na "A Capital"
(1877), a vida boémia que se vivia no Dafundo.
As principais actividades
desenvolvidas na área eram a agricultura (cereais, pomares e produtos
hortícolas) e a pesca. Existiam ainda algumas quintas de recreio onde se
conjugava a exploração silvícola e agrícola. Já no século XIX, foram construídas
duas fábricas de curtumes no lugar da Cruz Quebrada.
A partir da construção da Estrada Marginal e com a chegada do comboio em
1889, os lugares da Cruz Quebrada (e do Dafundo) passaram a ser também
procurados pelas classes médias e até populares, em busca dos seus areais.
A industrialização da zona, ainda em meados do século XIX, atraiu burgueses e
os primeiros operários das fábricas, que “empurraram” aaristocracia para outros
locais. A Freguesia aburguesava-se e proletarizava-se, ao mesmo tempo que
irrompiam as novas construções e os ares se enchiam de cheiros e fumos. Instalaram-se na localidade diversas empresas como a “SIPE”, a “Tudor” e a
“Lusalite”, entre outras.
A partir dos anos 50, Cruz Quebrada e Dafundo sofreram, à semelhança do que
sucedeu noutros lugares do Concelho, uma forte ocupação urbanística, tendo-se
transformado numa zona “dormitório” da capital. A partir do final da década de
80, verifica-se um processo de intensa expansão urbana para o interior da
Freguesia, integrando-se numa lógica de recomposição do núcleo central.
No
passado, Cruz Quebrada e Dafundo eram dois espaços bem distintos, separados por
uma avenida, de nome Ivens. Com a construção da Estrada Marginal, os dois
lugares ficaram irmanados e totalmente integrados.
Actualmente, é muito
difícil, para não dizer quase impossível, distinguir os lugares da Cruz Quebrada
e do Dafundo, fazendo parte de um contínuo urbano que se desenvolve, dentro dos
limites do Concelho, desde Algés até Oeiras.
wikipédia e http://www.jf-cruzquebrada-dafundo.pt/historia.php
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