Classificado como Monumento Nacional por Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910.
Implantada numa colina
sobranceira ao Rio Tejo, perto do vale de Alcântara, a Capela de Santo
Amaro foi edificada em 1549, conforme indica a inscrição colocada sobre a
porta principal do templo. O projecto desta ermida de planta
centralizada, única na cidade de Lisboa, é atribuído a Diogo de Torralva
(MARKL, PEREIRA, 1986; MOREIRA, 1995; SERRÃO, 2002), um dos grandes
arquitectos do século XVI português, que tão bem explorou e entendeu o
novo gosto do Maneirismo, nomeadamente as vias da tratadística italiana
da época.
Templo de peregrinação, a fundação da capela dedicada ao
santo milagreiro está envolta em lendas, não se sabendo ao certo se a
sua instituição se deve a um grupo de marinheiros galegos ou a uma
confraria instituída no local em 1532 por freires da Ordem de Cristo,
com autorização régia de D. João III (CORTEZ, 1994, p. 856).
Na
verdade, a Capela de Santo Amaro destaca-se pela singular, e erudita,
estrutura centralizada, composta por "(...) dois cilindros secantes de
inspiração serliana, a que se agrega uma original galilé de planta
semicircular (...)" (CORREIA, 1991). Espaço ímpar no panorama
arquitectónico português, este templo terá sido inspirado numa gravura
do tratadista Sebastiano Serlio, que representa o mausoléu dos
Crescenzi, na Via Appia, em Roma (MOREIRA, 1995, p. 352).
O núcleo da
estrutura é o espaço circular do oratório, envolvido em metade da sua
área pela galilé semicircular, que compõe a fachada, à qual corresponde,
do lado oposto, a pequena capela-mor, também cilíndrica. Aberta por
uma arcada de cinco vãos, dois dos quais são cegos, a galilé é coberta
por abóbada de nervuras abatida, com fechos decorados com símbolos
alusivos ao santo padroeiro, cruzes de Cristo, florões e estrelas. Os
três arcos principais foram fechados, no século XVIII, com portões de
ferro forjado.
As paredes deste espaço estão totalmente revestidas
por azulejos polícromos tardo-maneiristas, organizados em dois registos,
cujas figurações centrais, alusivas a Santo Amaro, são envoltas por ferroneries, putti, motivos de grutesco e pendurados. Nos vãos cegos da arcada foram erigidos dois altares de estrutura maneirista, em trompe l'oeil, executados em azulejo policromo.
O
acesso ao interior é feito através de três portas, abertas na galilé,
estando gravada sobre a porta principal uma inscrição alusiva à data de
fundação da capela. A nave circular é coberta por cúpula semi-esférica
com lanternim, possuindo coro-alto, ao qual se acede pelo terraço. Um
arco de volta perfeita, sem qualquer decoração, abre para a capela-mor,
também coberta por cúpula semi-esférica, que ao centro alberga retábulo
de talha azul e dourada em estilo nacional. Contígua à capela-mor foi
construída a sacristia.
Celebrada a 15 de Janeiro, a romaria de Santo
Amaro era uma das mais concorridas da cidade, tendo sido realizada pela
última vez em 1911. Com o advento da República, a ermida foi abandonada
e saqueada, chegando a servir de carvoaria. Em 1927 foi entregue à
Irmandade do Santíssimo Sacramento, e no ano seguinte o espaço foi
reabilitado para o culto.
Fonte: http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/71201/
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