João Garcia
abancava a seu lado como se se sentasse num calhau de Porto Pim ou num muro de
hortenses, na estrada da Caldeira. (p. 94)
Não tinham
passado de meio caminho da Caldeira, e Margarida juntava as palavras do tio na
volta, o gosto de tornar a ver as hortênsias ainda sem flor e já cheias de
seiva. (p. 110)
Era raro que
Januário não viesse dormir aos Fetos; mas chegava tarde para o jantar,
apeava-se da vitória cm cestos de pêras no eixo e molhos de hortenses
cuidadosamente apartadas: as azuis num cabaz, outras cobrindo a água dos
alguidares de uma floração de sangue seco. (p. 131).
Tinham deixado os
carros num alto e descido à orla do lago que lavava as moitas de urze queimada
e os tufos de hortenses em botão. (p. 140)
(…) mas a estrada
da Caldeira perseguia-a (…) com o passeio, as hortenses, a sua vida e o seu
sangue daqueles meses de peste e de surpresas… (p. 141)
Uma viagem para
horas, por aqueles caminhos de relheiras que atravessam a ilha entre duas
fiadas de hortenses. (p. 241)
Os pastos
estendiam-se escuros e cheios de água entre as sebes de hortenses verde-negras,
e apesar de lhe faltar aquele azul de sonho que parecia durante a floração os
milhões de pingos de um grande vinhedo sulfatado, tão familiar a Margarida, das
bordas da estrada da Caldeira, os rasgões do céu esbranquiçado imitavam grandes
inflorescências desfocadas e puras. (p. 294)
NEMÉSIO,
Vitorino, Mau tempo no canal, Lousã, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1994.
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