A Igreja de Santa Maria da Graça, igualmente conhecida como Igreja da Graça ou como Igreja de Santo Agostinho, localiza-se no Largo Pedro Álvares Cabral (também conhecido como Largo da Graça), em pleno centro histórico da cidade de Santarém. A igreja, inserida no conjunto do convento dos Eremitas Calçados de Santo Agostinho, é um dos monumentos mais emblemáticos da cidade, constituindo um dos mais importantes exemplares da arte gótica no país. Neste templo, Monumento Nacional desde 1910, encontra-se sepultado Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil.
A igreja é o último grande monumento gótico monacal que a cidade actualmente conserva, tendo a sua construção ficado a dever-se à iniciativa dos agostinhos de Lisboa. Esta ordem religiosa instalou-se na cidade a partir de 1376, conseguindo o patrocínio de vários membros importantes da nobreza escalabitana, entre os quais os primeiros Condes de Ourém, D. João Afonso Telo de Menezes e D. Guiomar de Vilalobos, sua esposa. Os Condes de Ourém ofereceram mesmo guarida aos agostinhos, que permaneceram instalados no seu solar até à inauguração do templo. As obras da igreja iniciaram-se em 1380,
mas as dificuldades económicas e a própria história conturbada da
família fundadora levaram a que apenas ficassem concluídas no segundo
quartel do século XV.
Este templo apresenta uma fachada principal de três panos, definidos por contrafortes. O pórtico, em querena, é formado por cinco arquivoltas de arcos quebrados, sobre colunas capitelizadas
de motivos vegetalistas, e é envolvido por um painel de pedraria
bordada, onde entre linhas de arcadura trilobadas se releva o escudo do
fundador. O conjunto é rematado, ao alto, por um friso de motivos florais, interrompido ao centro pelo gomo terminal do arco de querena. A enorme rosácea, que domina toda a frontaria, foi esculpida numa só pedra.
A colecção de mausoléus e de lajes sepulcrais brasonadas, que se encontra disposta em vários locais da igreja, é notável. Na Capela de São João Evangelista, no braço direito do cruzeiro, encontra-se o túmulo de D. Pedro de Menezes e de D. Beatriz Coutinho,
constituído por uma grande arca de calcário, assente em oito leões com
despojos humanos e animais entre as garras. A tampa da arca contém os jacentes de mãos dadas, com as cabeças sobre almofadas protegidas individualmente por grandes baldaquinos. D. Pedro traja arnês sob cota de armas com o seu escudo, enquanto que D. Beatriz segura na mão esquerda o livro de horas, vestindo uma túnica com capa. Os frisos são decorados com anjinhos, querubins, carrancas e cordas floridas. As quatro faces da arca apresentam ramos de azinheira, envolvendo a divisa Áleo,
dispondo no frontal direito e nos faciais o brasão de D. Pedro,
enquanto que no frontal oposto se encontram representados os de D.
Beatriz e de D. Margarida Sarmento de Miranda, sua primeira mulher. À direita deste túmulo, em campa rasa, ergue-se o de D. Leonor Coutinho, filha de D. Pedro e de D. Margarida. No absíolo direito, diante da mesa do altar, encontra-se a sepultura de Pedro Álvares Cabral, em campa rasa, constituída por uma laje rectangular simples gravada com inscrições em caracteres góticos. Dispersas pela igreja, encontram-se várias outras sepulturas constituídas por arcas tumulares inseridas em arcossólios.
Fruto do longo período de construção, o templo engloba elementos de duas correntes distintas do gótico português: o chamado gótico mendicante, de forte tradição na vila de Santarém, nomeadamente nos conventos dos Dominicanos e dos Franciscanos do século XIII, e o gótico flamejante, bem patente no Mosteiro da Batalha. À primeira corrente arquitectónica obedecem a cabeceira tripartida, o transepto e as naves. Por sua vez, a fachada principal, com o seu portal e com a enorme rosácea, é claramente representativa do gótico flamejante, apresentando evidentes semelhanças com o emblemático mosteiro batalhino, cuja construção foi contemporânea à deste templo. Também as sepulturas da família Menezes, que aproveitaram a igreja para seu panteão, revelam a influência da Batalha, designadamente do túmulo duplo de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, modelo adoptado por D. Pedro de Menezes e sua esposa.
Fonte: Wikipédia
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