O controlo tornou-se um mito das nossas sociedades. Criámos a ilusão de um controlo a cem por cento, com uma eficácia que julgamos blindada, à prova de fogo. Reduzimos a abordagem do real a um monte de automatismos. E, desse modo, enxotámos a vida, na sua complexidade, e a morte, na sua nudez sem palavras, para uma dimensão quase fantasmática, onde elas deslizam, sim, mas supostamente distantes de nós e no reverso daquilo que quotidianamente vivemos ou esperamos.
(…) estamos provavelmente mais fortes com tudo aquilo que temos, mas também mais exposto aos golpes do destino, face aos quais nos tornamos sempre mais vulneráveis, impreparados emotivamente para os gerir, desprovidos de uma visão que lhes confira sentido.
MENDONÇA, José Tolentino, O que é amar um país, Lisboa, Quetzal, 2020, p. 58 e 59.
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