quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Santuário da Boa Nova





Apesar das múltiplas dúvidas que se colocam a respeito da origem, construção e funcionalidade da igreja da Boa Nova de Terena, está para além de qualquer dúvida o estatuto desta obra como uma das mais importantes de quantas se realizaram em Portugal durante o século XIV. Com o grande monumento de Flor da Rosa e, parcialmente, com a fase gótica da igreja de Vera Cruz de Marmelar, a Boa Nova integra a tipologia de "igrejas-fortalezas", categoria histórico-artística que pretende diferenciar entre as construções religiosas fortificadas (como Leça do Balio) e as verdadeiras fortalezas, cuja planimetria, volumetria e espacialidade obedece, em tudo, a pressupostos militares.
O edifício que chegou até aos nossos dias data da primeira metade do século XIV - eventualmente do reinado de D. Afonso IV -, mas é de supor que tenha existido um outro, anterior, referido nas Cantigas de Santa Maria de Afonso X, o Sábio, e provavelmente edificado para igreja matriz da povoação de Terena. Desconhece-se, todavia, qual a "data de fundação" do actual templo " e o respectivo fundador", factos que impedem uma mais rigorosa contextualização do projecto. O aspecto militar do conjunto e as múltiplas analogias para com a vizinha igreja de Flor da Rosa admitem a interpretação de a empreitada ter sido levado a cabo "dentro de uma ordem militar-religiosa, instituída em território a repovoar e com cunho defensivo acentuado".
As características militares do templo são bem visíveis pelo exterior, que parece uma verdadeira fortaleza. De planta em cruz grega, as quatro fachadas têm o mesmo aspecto e nelas se incluem alguns elementos típicos da arquitectura militar, como matacães sobre as três portas, a existência de estreitas frestas em vez de janelas, a utilização de merlões a toda a volta do edifício, com acesso por caminho de ronda, etc. No interior, manteve-se a mesma preocupação em transformar o templo numa verdadeira fortaleza. Já causou alguma estranheza a excessiva largura da nave e do transepto, disposição que se justifica pela fácil mobilidade de forças defensivas em caso de ataque de alguma destas partes do edifício. Nas abóbadas, foram rasgados alçapões para permitir a defesa do interior através dos telhados, em caso de invasão da igreja.

FONTE:  http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70209

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