Vamos vendo os amigos cada vez mais longe,
muitas vezes de costas,
a sacudir o espaço dos seus tempos como se entrassem
no mundo pela primeira vez.
São pequenas formações quase desumanas
que às vezes se reconhecem
disformes quase sempre sós e aos pés oculto de todos
corre um rio.
Um rio que vai confundido a vida
e a memória.
Que percorre os lugares do júbilo como uma água
aflita e sem regresso.
Quando o olho por dentro no começo da tarde
os amigos cintilam como corpos estranhos
entre os nossos desastres bebemos o anoitecer
e adormeceríamos juntos de soubéssemos.
CARVALHO, Armando Silva, O País das minhas vísceras, s.l., Língua Morta, 2021, p450
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