Beja |
Desnuda-me a tua intimidade, ó Árvore. Diz-me a que segredos recorres
para te desenrolares em flores e em frutos num cíclico desvario,
porque é que tudo morre à tua volta e tu não morres,
e aceitas sempre o Amor com renovado cio.
Inicia-me nos teus mistérios, ó feiticeira dos cabelos verdes.
Ensina-me a transformar um raio de sol em suculenta carne fina,
e nesses perfumes subtis que a toda a hora perdes
prolongando o teu ser que te emoldura.
É através de ti, ó Árvore, que celebro os esponsais entre mim e a Natureza.
É através de ti que bebo a nuvem fresca e mordo a terra ardente.
É de ti que recebo as leis do Amor e da Beleza.
Amo-te, ó Árvore, apaixonadamente!
GEDEÃO, António, Poemas - Uma antologia bilingue, Lisboa, Palavrão - Associação Cultural, 2015, p. 82.
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