Não desembarcar não tem cais onde se desembarque. Nunca chegar
Há poesia em tudo - na terra e no mar, nos lagos e nas margens do rio. Há-a também na cidade - não o neguemos - facto evidente para mim enquanto estou aqui sentado: há poesia na trepidação dos carros nas ruas, em cada movimento ínfimo, vulgar, ridículo, de um operário que, do outro lado da rua, pinta a tabuleta de um talho.
PESSOA, Fernando, Tenho medo de partir - um livro de viagens, Lisboa, Guerra e Paz, 2018, p. 11.
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