Escrever. Porque escrevo? Escrevo para criar um espaço habitável da minha necessidade, do que me oprime, do que é difícil e excessivo. Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sua dedução é mais forte do que eu. Escrevo porque o erro, a degradação e a injustiça, não devem ter razão. Escrevo porque o erro, a degardação e a injustiça, não devem ter razão. Escrevo para tornar possível a realidade, os lugares, tempos, peoosas que esperam que a inha escrita os desperte do seu modo confuso de serem. E para evocar e fixar o percurso que realizei, as terras, gentes e tudo o que vivi e que só na escrita eu posso reconhecer por nela recuperarem a sua essencialidade, a sua verdade emotiva, que é a primeira e a última que nos liga ao mundo. Escrevo para tornar visível o mistério. Escrevo para ser. Escrevo sem razão.
Vergílio Ferreira in GODINHO, Helder, FERREIRA, Serafim (Org.), Vergílio Ferreira – Fotobiografia, Bertrand Editora, 1993, p. 117.
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