A palavra esplendor sai-te do ânus
como a estrela enferma
que o céu a si próprio recusa.
És a fantasia nervosa duma disciplina
obstada pelos cientistas
esses monstros submissos a uma legislação irrespirável.
Sob os dedos do olfacto és a miséria oculta
és a lebre que surge das silvas fatigada.
Estás aqui mas não conheces leito
e as cortinas sacodem-te
ao som mortiço da lua corrompida.
E neste instante os cães atravessam a arder
a planície repleta.
Uma árvore inclina-se ao grito do teu corpo
e as tuas mãos já mortas caídas como caça,
eram a presença. A única presença.
CARVALHO, Armando Silva, O País das minhas vísceras, Língua morta, 2021, p. 143.
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