O Fevereiro chuvoso
com pálpebras de lua cheia
traz consigo o carnaval
mas és tu, serena e lúcida
o meu secreto, meu ruivo
carnaval
Desnuda nos meus braços
e por momentos de olhos vendados
aproximas-te de uma fronteira
de diamantes
São teus seios
os arcos da torre
que um vento esquelético
perturba
É Carnaval
tu és o meu carnaval
a mentira dos teus olhos verdes
o teu sexo em forma de flor
Não és uma mulher
és todas as mulheres que amei
e que me recriminam
e me beijam e mordem
e docemente descansam
as mãos nos meus cabelos
Carnaval de remorsos de nostalgia
com rebentos de luz
e imperecível ternura...
RODRIGUES, Urbano Tavares, Poesia - Horas de vidro, Alfragide, Publicações D. Quixote, 2010, pp. 89-90.
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