Este excerto que publico hoje dedico às Luísas da minha família: à minha mãe, à minha prima, à minha avó paterna e à minha bisavó materna (todas elas mulheres de garra, mas a minha mãe a mais de todas para mim, claro!):
Luisita era uma galante rapariga dos arredores.
O diminutivo com que a designo aqui, e que era o adoptado por todos, vale mais do que qualquer minuciosa descrição.
Nós, os peninsulares, não empregamos indiferentemente as variedades de diminutivos, que possui em abundância a nossa língua.
Entre uma mulher a quem chamamos Luisita e outra que nos valeu a mais doce denominação de Luisinha, vai uma diferença considerável; diferença de tipo, diferença de hábitos, diferença de carácter.
Uma será meiga, ingénua e sensível, quase sempre loura e alva, corando à menor palavra que lhe dirigires, baixando os olhos confusa, se a fitardes um momento; pronta a chorar de saudade, e tendo não sei o quê de triste até nas mais intensas alegrias. Na outra, pelo contrário, encontrareis certa petulância e travessura, que arroatarão com vossos olhares mais impertinentes, um rosto provocador, risos prontos e francamente jovais, movimentos vivos, respostas fáceis e naturalmente pragmáticas...
DINIS, Júlio, Os novelos da Tia Filomela, O espólio do Sr. Cipriano, Lisboa, Editorial Verbo, 1917 (?), p.p. 92-93.
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