Viver na história e viver a história! E uma maneira de viver a história é contá-la, criá-la em livros. Assim o historiador, poeta por sua maneira de contar, de criar, de inventar um acontecimento que os homens julgavam que se tinha verificado objectivamente, fora das suas consciências, quer dizer no nada, provocou novos acontecimentos. Com acerto se diz que ganhar uma batalha é fazer crer aos nossos e aos outros, aos amigos e aos inimigos que a ganhámos. Há uma lenda da realidade que é a substância, a realidade íntima da própria realidade. A essência de um indivíduo e de um povo é a sua história, e a história é aquilo a que se chama a filosofia da história, é a reflexão que cada indivíduo ou cada povo fazem do que lhes sucede, do que neles sucede. Com sucessos, sucedidos, se constituem feitos, ideias feitas carne.
UNAMUNO, Miguel de, Como se faz uma novela, A Tia Tula, Lisboa, Editorial Verbo, (1971), p.p. 142-143.
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