Três cousas tem o homem superior que ensinar-se a esquecer para que possa
gozar no perfeito silêncio a sua superioridade – o ridículo, o trabalho e a
dedicação.
Como não se dedica a ninguém, também nada exige da dedicação alheia. Sóbrio,
casto, frugal, tirando o mais possível da vida, tanto para não se incomodar
como para não aproximar as cousas de mais, a ponto de destruir nelas a
capacidade de serem sonhadas, ele isola-se por conveniência do orgulho e da
desilusão. Aprende a sentir tudo sem o sentir directamente; porque sentir
directamente é submeter-se – submeter-se à acção da cousa sentida.
PESSOA, Fernando, O maior triunfo, A estrada do esquecimento e outros contos, Maia, Porto Editora - Assírio & Alvim, 2015, p 189.
PESSOA, Fernando, O maior triunfo, A estrada do esquecimento e outros contos, Maia, Porto Editora - Assírio & Alvim, 2015, p 189.
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