Pouco depois, o sol entrava também na sala. Vinha todas as tardes antes de desaparecer por detrás dos telhados vizinhos. Entrava com esse silêncio e esse mesmo vagar com que se distendem as ilhas de água derramada nos soalhos, subia à mesa que estava no centro e iluminava, desbotando-as mais, as velhas flores de papel na sua jarra; ia até a parede de fundo e lá dava a ilusão de se fixar por algum tempo; depois, indiferente à vida da sala, começava a recuar, a encolher-se, sempre vagarosamente.
CASTRO, Ferreira de, A experiência, Lisboa, Cavalo de ferro, 2014, p. 64
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