Bem vejo que vos amo como uma louca; não me queixo, porém, de toda a violência dos sentimentos do meu coração: acostumo-me às suas perseguições, e não poderia viver sem um prazer, que ora descubro, e de que gozo amando-vos entre mil sofrimentos. Mas sou constatemente perseguida com extremo desgosto pelo ódio e pela aversão que sinto por todas as coisas: a minha família, os meus amigos e este Convento são-me insuportáveis; é para mim odioso tudo o que sou obrigada a ver e tudo o que tenho necessariamente de fazer. Tão ciosa sou da minha Paixão que me parece que todas as minhas acções e todos os meus deveres a vós dizem respeito.
Cartas portuguesas de Mariana Alcoforado, Lisboa, Terreiro do Paço Editores, 2013, pp. 64-65.
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