2021 pode ter sido mais um ano para muitos, mas em tempos de pandemia, estes dias não foram de todo comuns...
Em retrospectiva, e após 108 dias que estive em lay off, fechada em casa devido ao confinamento obrigatório exigido pelo estado de calamidade no início de 2021, posso dizer que, mais uma vez tive medo do futuro (tudo se repetiu como em 2020, apesar da esperançosa vacina que se inventou mas que não se produziu tão rapidamente como todos gostaríamos).
O que teve de positivo o segundo confinamento foi o facto de ter conseguido fugir para a casa da minha mãe e assim dedicar-me a outras actividades além da limpeza e organização da casa, como anteriormente. Desta vez fui salva pelo quintal, na medida em que, conseguia "fugir" para a rua! Podia estar limitada a este espaço, mas só o poder fazer jardinagem e apanhar sol fez me tão bem! Também em Portimão conseguia ver mais pessoas do que em Évora, há sempre mais movimento nesta cidade. Podemos nos cingir a fazer adeus aos vizinhos mas ver que há vida a passar por nós não tem palavras...
Também aprendi a relaxar pela música porque dediquei me a ouvir a coleção de cds do meu querido pai. Música clássica ajuda depois de ouvir aviões militares e ambulâncias a passar com doentes covid, vindos de outros pontos do país - tantas urgências a abarrotar, meu Deus...
Se os negacionistas que existem neste mundo não fossem egoístas viam com olhos de gente este caos hospitalar. Este ano a minha família ficou mais pobre devido à morte da minha prima Ani, uma de muitos que a imprensa não fala e que tantos ignoram, ela esteve 9 meses sem receber tratamento oncológica por estar tudo focado a combater a pandemia! Nem a ministra da saúde teve coragem de admitir este desprezo pelos doentes ditos normais...
Mas por magia, no segundo semestre libertei-me um pouco desses medos e ganhei uma ânsia por liberdade, como até agora nunca tinha conhecido na minha vida. Sentimento desenscadeado também por um desconhecido, que surgiu como um furacão, abalando a minha rotina de uma maneira inimaginável. Há quem nos ajude mesmo sem o saber. Ao conhecer alguém irreverente, despreocupado e aventureiro tentei transformar-me um pouco assim. Talvez tivesse tido mais forças na minha metamorfose se tivesse ganho um amigo mais presente mas nem tudo pode ser como sonhámos. Provavelmente, a culpa é o demasiado virtual que desvirtua o destino... Todavia, coloquei alguns medos atrás das costas e caminhar ajudou-me a relaxar e sentir um pouco aquela adrenalina da aventura. Primeiro, na ponte suspensa nos passadiços do Paiva e depois a sair à noite nas silenciosas ruas de Évora.
Apreciei a natureza com outros olhos, alarguei o meu horizonte musical em vários concertos, voltei a ser mais activa ao praticar ginástica de grupo (coisa que não fazia há mais de dez anos) e consegui gozar tranquilamente o sol e a beleza do mar. Estar junta com a família e retomar o contacto com uma grande amiga deu-me grande felicidade, assim como apreciar museus, monumentos ou espectáculos de teatro. O mês de Agosto foi o meu êxtase, ao retomar as minhas escapadelas culturais, como adoro explorar sozinha cidades pela primeira vez! Leiria é linda!!! Quando aumentam os casos covid, não fui para longe, percorri o lindo Alentejo - Estremoz e Elvas são belos locais para passar o dia! Assim como o meu Algarve - Lagos e Faro, foram a minha opção!
Pode parecer loucura mas gostei da assistir a concertos sentada - à excepção dos Resistência, que não foi a mesma coisa, mas só o facto de conseguir ver sempre o palco foi uma enorme vantagem para uma baixinha como eu!
Um outro à parte que quero partilhar é sobre o meu trabalho. Ao melhorar a pandemia e, aumentar número de pessoas em espaços fechados, consegui atender público menos nervoso, continuando a qualidade no respectivo atendimento. E receber uma andorinha bebé de um francês no verão foi a cereja no topo do bolo, não é todos os dias que ganhamos vida!
Ah e o Natal foi maravilhoso este ano por a família se reunir, algo que não acontecia há muito. Tive foi de fazer o sacrifício de um auto-teste...
Resumindo, 2021 não foi mau de todo ao regressar à vida: fiz 581 kms contabilizados, fui 30 vezes à praia, assisti a 21 concertos, visitei 15 museus, li cerca de 80 livros. Normalizei a vida 😉
Só faltou uma coisa, encontrar o verdadeiro amor, será que é em 2022 que vou finalmente superar este desafio? Tenho de racionalizar menos e viver mais. Esta é a minha expectativa, saúde e felicidade (e que a fé esteja sempre presente no meu coração) 😃
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