domingo, 26 de fevereiro de 2023

Margem Sul

Montoito, concelho do Redondo

Ó Alentejo dos pobres

reino da desolação

não sirvas quem te despreza

é tua a tua nação.

 

Não vás a terras alheias

lançar sementes de morte

é na terra do teu pão

que se joga a tua sorte.

 

Terra morena de Moura

terra sangrenta de Serpa

vias de angústia em botão

dor cerrada em Baleizão.

 

Ó margem esquerda do Verão

mais quente de Portugal

margem esquerda deste amor

feito de fome e de sal.

 

A foice dos teus ceifeiros

trago no peito gravada

ó minha terra vermelha

como bandeira sonhada.

 

RODRIGUES, Urbano Tavares, Poesia - Horas de vidro, Alfragide, Publicações D. Quixote, 2010,  pp.25-26.

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