SIM, pudera eu gritá-lo a toda a gente,
Quero-te! - e o grito morre-me no peito.
Meu olhar se te esquiva contrafeito.
Morde-me a boca um riso de demente...
E nem tu própria o vês! e ninguém sente
Com que tremor te acerco, sigo, espreito....!
O fervor com que em sonho a mim te estreito,
Parece que o escondo facilmente.
Cegos! O riso que me morde aboca
Desce a dentro de mim, corrói-me a alma
Como uma chama oculta, verde e louca.
Mas eu, parece, eu mostro, eu fruo a calma
Dos que acham esta vida inane e pouca,
...Sonhando empunhar noutra a eterna palma.
RÉGIO, José, Biografia, 6.ª edição, Guimarães, Ópera Omnia, 2020, p.27.
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