quarta-feira, 21 de junho de 2023

Os perigos do verão

Era o verão, o seu desassossego.

Era o desejo,

o desejo rompendo da sombra

sem caminho, e doía.

Era o ardor, o mais diáfono

irmão da melancolia.

Era o amor, o espanto

do amor, desarmado,

sem abrigo.

Era o deserto, o deserto à porta; 

e fervia.  



ANDRADE, Eugénio de, Ofício de Paciência, Porto, Assírio & Alvim, 2018, p. 54.

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