segunda-feira, 26 de junho de 2023

Por caminhos só rectos, não sei ir

Por caminhos só rectos, não sei ir.  

Nos ínvios por que vou, não sei ficar.

Suspenso do passado e do provir,

Venho e vou!, venho e vou!, não sei parar.


Abri asas nas mãos para fugir,

E raízes nos pés para amarrar.

(Levava chão nos pés indo a subir,

Trazia céu nas mãos vindo a baixar....)


Eis, porém, que estes dons ultra-humanizam,

E os homens, meus irmãos, se escandalizam

E me apontam as asas e as raízes.


Assim se castram ele próprios, pobres!.

tendo-se, mais vis, por mais felizes,

Se satisfazem com seus magros cobres...



RÉGIO, José, Biografia, 6.ª edição, Guimarães, Ópera Omnia,2020, p.26.

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