quinta-feira, 15 de junho de 2023

Vidro côncavo

Tenho sofrido poesia

como quem anda no mar.

Um enjoo.

Uma agonia.

Sabor a sal.

Maresia.

Vidro côncavo a boiar.


Dói esta corda vibrante.

A corda que o barco prende

à fria argola do cais.

Se vem onda que a levante

vem logo outra que a distende.

Não tem descanso jamais.


GEDEÃO, António, Poemas, Lisboa,  Palavrão Associação Cultural, 2015, p. 20.

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