Apresto-me aos feitiços e abro os lençóis ao luar.
No ermo a voz sem termo de Hécata a chamar.
Suas tochas na noite são um incêndio ao fundo
A arder na matriz dos mistérios do mundo.
(....)
Algures nessa vertigem vim virgem de outras eras
Ser violada ao luar num festim de pantera.
Vida! de quantas vidas tiras o mel e e o limo
Acomodando inúmeras almas a um só destino.
Venho, mas porque venho não sei. Qual o endereço?
principiei no fim para acabar no começo?
Indago-me no nexo das rosas. Mortas? Vivas?
Na fleuma do eterno trocam-se as perspetivas.
Doidamente me isola um astro desconexo,
Ou será toda minha a insânia do universo?
À mercê da potência que move o ir voltar
Vagueio, Oh, quantos séculos faltam para a mim chegar! (...)
CORREIA, Natália, Antologia poética, Lisboa, D. Quixote, 2013, pp. 276-277.
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