SIM, bem sei que o tablado em que figuro
Longe está bem de mim léguas e léguas.
Minhas pupilas viam longe... e eu cego-as;
Mas sei que finjo achar o que procuro.
Sei que o meu sonho é imenso e anseia ar puro,
Mas, no meu gabinete, o meço a réguas.
Sei que devo aguardar, velar sem tréguas,
Mas busco o sono e embrulho-me no escuro.
Sei que este meu aspecto dúbio, fez-mo
A vida em que o meu SER supremo e belo
E os meus gestos indómitos não cabem.
Sei que sou parodia de mim mesmo.
Sei tudo... E para quê?, porquê sabê-lo?
Viver é entrar no rol dos que o não sabem!
RÉGIO, José, Biografia, 6.ª edição, Guimarães, Ópera Omnia, 2020, p.15.
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