sábado, 9 de setembro de 2023

Igreja de S.Francisco, Évora


Desce um pombo do alto em voo lento

e na borda do tanque poisa, e olha.

Finjo que sou de pedra; e o pombo olha-me.

Finge-se ele de pedra enquanto olho.

e assim nos demorarmos, um e outro,

até nos convencermos

que só de mútuo o amor se vive em paz.


Um roçar de asas vem do alto e desce.

É ela, a pomba, o número que faltava

no programa das festas dos meus olhos.

Ao lado dele poisa, e tão chegada

que as penas dele em mim se sobressaltam.


GEDEÃO, António, Poemas - Uma antologia bilingue, Lisboa, Palavrão - Associação Cultural, 2015, p.128

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