O modo como somos autores da verdade também vale a pena. Foi como medrei e me reconheci, esperando pelas palavras e inventando as palavras pelas quais não conseguia mais esperar. Em certo sentido, nunca me faltou nada. No lugar do que não havia, não chegava, não se explicava, era insuportável silêncio, coloquei sempre uma palavra. Ainda hoje o faço. Não é jeito de mentir. É jeito de acreditar por um viés diferente. Um que me justifica sobreviver e, já sem surpresa, gostar muito de sobreviver.
MÃE, Valter Hugo, Contra mim, Porto, Porto Editora, 2020 p.279- 280.
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