sábado, 30 de março de 2024

Indústria


Não sei ser útil, como a chuva
Nas raízes das árvores, 
Ou o osso que o cão fareja:
Já tentei - se tivesse
De dançar como uma abelha,
Em frente da colmeia,
De certo erraria os passos
E indicaria um rumo estéril.

O destino, erros na transcrição 
De aminoácidos, uma educação 
Inadvertidamente condenada
Ao fracasso? Já tive
Momentos de felicidade, 
Ignorando mãos, gestos,
Propósitos. Temo que,
Um dia destes, a minha
Morte não sirva para nada.


OLIVEIRA, José Carlos, Jangada in De passagem,  Porto, Assírio e Alvim, 2018, p. 33.

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