… O Outono anda enfeitado de viúvo,
como um cego a dedilhar numa viola. Os céus têm tons nacarados e às vezes transforma-se
em densas escuridões, antecedendo a época pluvial. As folhas caídas das árvores,
à deriva, invadem os passeios, goza-se o Outono na magreza do clima, a vê-lo
nas margens das lagoas dos montes e em certos riachos. Os ventos bailam. Ao rés
dos beirais. Ou rugem nas distâncias, lembrando sons de batuques na fronteira
do Alentejo com a do Algarve.
SILVA, Antunes da, Alentejo é sangue, Porto, 3.a edição, Livros Horizonte, 1984, p. 260.
SILVA, Antunes da, Alentejo é sangue, Porto, 3.a edição, Livros Horizonte, 1984, p. 260.
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