Tenho pena dos romancistas que têm de mencionar os olhos das mulheres; a escolha é tão limitada, e seja qual for a cor escolhida traz inevitavelmente implicações banais. Tem olhos azuis: inocência e honestidade. Tem olhos negros: paixão e profundidade. Tem olhos verdes: rebeldia e ciúme. Tem olhos castanhos: digna de confiança e cheia de senso comum. Tem olhos violeta: é um romance de Raymond Chandler.
BARNES, Julian, O papagaio de Flaubert, Lisboa, Quetzal, 2019, pp.98-99.
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