Para alguns, a Vida é rica e cremosa, feita segundo uma antiga receita caseira e só com produtos naturais, enquanto a Arte é um pálido produto comercial que consiste basicamente em corantes e sabores artificiais. Para outros, a Arte é a mais verdadeira das coisas, plena, movimentada e emocionalmente satisfatória, enquanto a Vida é pior que o pior dos romances: falha de enredo, povoada de maçadores e de velhacos, parca de espírito, envolta em incidentes desagradáveis e conducente a um desenlace doloroso e previsível. Os apoiantes do segundo ponto de vista tendem a citar Logan Pearsall Smith: "AS pessoas dizem que a vida é a realidade; mas eu prefiro a leitura".
BARNES, Julian, O papagaio de Flaubert, Lisboa, Quetzal, 2019, pp. 219-220.
Sem comentários:
Enviar um comentário