quinta-feira, 30 de setembro de 2021
Lua cheia
Entre a terra e os astros, flor intensa,
Nascida do silêncio, a lua cheia
Dá vertigens ao mar e azul a areia,
E a terra segue-a em êxtases suspensa.
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner, Obra do mar, Caminho, 5.ª edição, 2005, p. 55.
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
terça-feira, 28 de setembro de 2021
DIONYSOS
Entre as árvores escuras e caladas
O céu vermelho arde,
E nascido da secreta cor da tarde
Dionysos passa na poeira das estradas.
A abundância dos frutos de Setembro
Habita a sua face e cada membro
Tem essa perfeição vermelha e plena,
Essa glória ardente e serena
Que distinguia os deuses dos mortais.
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner, Obra do mar, Caminho, 5.ª edição, 2005, p. 27.
domingo, 26 de setembro de 2021
sexta-feira, 24 de setembro de 2021
Partida
Como uma flor incerta entre os teus dedos
Há harmonia de um bailar sem fim,
E tens o silêncio indizível dum jardim
Invadido de luar e de segredos.
Nas tuas mãos trazias o meu mundo.
Para mim dos teus gestos escorriam
Estrelas infinitas, mar sem fundo
E nos teus olhos os mitos principiam.
Em ti eu conheci jardins distantes
E disseste-me a vida dos rochedos
E juntos penetrámos nos segredos
Das vozes dos silêncios dos instantes.
Os teus olhos são lagos e são fontes,
E em todo o teu ser existe
O sonho grave, nítido e triste
De uma paisagem de pinhais e montes.
Na tua voz as palavras são nocturnas
E todas as coisas graves, grandes, taciturnas
A ti são semelhantes.
Poderia ter sido assim P
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner, Obra do mar, Caminho, 5.ª edição, 2005, pp. 45-46.